domingo, 19 de abril de 2015

Texto em primeira pessoa

Meu coração é um idealista inquieto, mas tanto quanto meu nome é fogo meu ascendente é de elemento terra. Cabeça na terra, pés ao vento.
Meu coração é inquieto.
Durmo pouco, acordo sorrindo.
Viver é um gozo, acordo tapiocando o paladar, durmo pouco.
Ao pé do morro: seis meninos mortos.
Ao pé da estrada: engole o choro e vai ser leve na vida.
A vida é realidade, a realidade é dúbia, eu sou dual.
Choro de saudade, choro de um peito rasgado em outras vidas, choro com as manchetes, a realidade é nua tal qual a mulher.
A mulher desnuda, a mulher floresce carne, poesia e caos.
Sou mulher e a realidade engasga.
Até quando eles vão bater na minha cara?
A rua entorpece, revolta, correria, força.
O dia segue morno na academia de artes de uma universidade federal qualquer.
Será que eles veem, mulher?
A noite chega fria, mas o chá é quente.
Pés no vento e na utopia de gozar de um teatro engajado.
Questões, questões, questões, viagens.
Dedos mornos na nuca.
A cada dia corto mais meus cabelos. E os desejos?
Ao pé do morro: seis pessoas queimadas e o panelaço bota comida na goela de alguém? De quem?
Meu coração é inquieto.
De noite já não durmo, minha linha alba esquenta, esfria e estremece.
Penso muito e falo às vezes.
Às vezes verborrajo, verbo ajo, verbo rasgo e esse tesão criativo é teatro?
Sigo mulher negra vomitando palavras, tenho comida na mesa todo dia!
Sigo no MOVE lotado e minha cabeça move no sentido contrário.
"Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura..."
Ah, meu coração sangra todo mês e é inquieto por demais.
Durmo pouco, acordo sorrindo.


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