quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Estou de volta!

Pra seguir na lida tem que seguir sorrindo.
Meu pai me ensinou que a felicidade é uma arma zen e a madre me aconselhou a seguir alegre na evolução... Eu escolhi!
O riso pode ter a cara que você quiser pintar.
Plante boas energias por aí...
Escolha!
[...]
Estou de volta...
Meu eu sorri discretamente... No canto da boca, sabe não?
Sigo em frente!
Avante que a hora é o agora!
Meu Babá mergulhou fundo para me buscar.
A verdade é que mesmo quando eu não o via ele estava ao meu lado.
Quanto mais eu subia mais ar amparava minha alma e mais plena de mim eu me sentia.
Meu Babá veio me lembrar de recordar.
Eu lembrei que sou guerreira do raio branco, me banho de azul e branco, me alimento de inhame branco.
Minhas ferramentas são a espada, o escudo e o pilão.
Por ora posso guardar o escudo e a espada, não é preciso defesas nem ataques.
Amasso eu mesma meu destino!
Cubro-me de prata, sigo no progresso dos dias.
Eu sou do ar e do fogo!
Há vida e o amor é livre!
Faz bem me lembrar de mim, sorrio um tanto.
Quando menina eu roubava canjica branca dos santos na casa de Mãe.
Roubava a canjica e comia...
Fosse hoje, colocaria mel e azeite doce na traquinagem.
Eu sorrio mais um tanto.
Meu Babá me resgatou... O cristal branco está inteiro!
Só se pode, aliás, eu só posso caminhar com determinação e inteireza de espírito.
“O que te eleva? O que te ajuda a evoluir?”
Ela me perguntou e eu respondi em silêncio.
Estou de volta!
Há vida.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Carta ao verão chuvoso

(c) Netun Lima

Nos dias de outrora o sol era meu chão, meu mundo como dizem alguns.
Não havia um só conflito que não fosse resolvido a dois.
O sol sabe acalentar e abraçar como ninguém.
E permanece.

Nos dias de então descobri prazeres mais graves.
Vieram a mim os dias nublados mais verdes que já vivi.
Aqueles olhos sabem me atordoar como ninguém.
E isso permanece.

No agora estou eu.
Decidida que se for pra ser mundo que seja de mim mesma.
Não há fugas nem defesas.
Há essências complexas demais para se transmutar em uma só existência.
Guardo em mim tudo o que fui sendo dois...
Guardo o gozo, o tormento, o sol, os olhos, o amor, a calma, a cor, o desejo, o respeito e o sangue.
Pois que sei: minha melodia não podia ser outra!
Minha carne pulsa a e à vida [...] e meu coração é o músculo que me move.

Para lhe ser mais clara eu não posso ser quem lhe alimenta, pois lhe nutrir de mim é fazer-lhe adormecer desejos que ainda faíscam em seu peito.
Não me roube, não me queira como muleta. Viver é arriscar-se.  Amor é voo desconhecido.
Um desejo reprimido é ferida aberta pra vida inteira ou para toda uma vida.
Não vamos aumentar os carmas. Vamos viver vivendo.
Desejo é chama, é movimento...
Eu, filha do vento e do fogo, não posso lhe ser a brisa morna que te sucumbe e reprime.
Uma escolha só é plena quando só se há uma opção. (Percebe?)
E eu escolho a mim!
Escolho a minha sabedoria interna... Meu riso descodificado.
Tenho amor para acordar o mundo.

Esta carta é uma resposta à vida! 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

catartica[mente]

me diga algo
me olhe
me veja ao menos
por muito chegamos aqui
mas não me silencie
não me roube por pouco
me olhe
e sinta a chuva quente na carcaça
esteja
mas só estando por inteiro
pode ser pleno
como naqueles dias verdes nublados
[...]

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Da diária digestão cultural ou pra não dizer que não falei de mim

Pra não dizer que não falei das flores
Eu solto aqui meu canto rouco...
Meu olhar embargado de mistérios tantos.
A lição está no oco mais profundo de nossas mentes.
Logo ali onde o ego não alcança.
Minha tristeza não é efêmera.
E meus sorrisos no canto da boca podem ser mais plenos que sua gargalhada.
Pra não dizer que não falei das flores
Eu solto aqui meu esterno, osso de meu peito aborboletado...
A benção está enraizada do centro da terra ao topo do universo resplandecente
Logo ali onde o ego não alcança.
Minha ternura é discretamente contida
Mas meu amor é um açoite escancaradamente sereno.
Pra não dizer que não falei das flores
Eu solto aqui minhas sinas...
Meu coração é chama
Por mais barro e pedra que me aterrem
Eu sou do fogo e meus sonhos pulsam agridoces.
As certezas estão guardadas no luminoso espaço de minhas vísceras
Logo ali onde o ego não alcança.
Pra não dizer que não falei das flores
Eu me desnudo aqui por inteiro...
Eu me reconstruo e tomo posse de meu caminhar.
Eu sou meu prumo, meu ápice, meu guia.
E por gentileza, não reparem nesse meu disco arranhado.
Meus versos tem se repetido
Como uma melodia atravessada na minha garganta
É que para falar de flores é preciso olhar o mundo e enxergar as pessoas
Ou melhor, perceber nossa própria canção.
Aqui: Eu canto pois que minha voz é semente!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

uM pAsSo PaRa CaDa DiA

é que balança de pesar ouro não pesa latão 
foi o que eu ouvi por aí e acreditei... 
tenha medo não 
pisa onde tiver que pisar 
voa 
e sê!

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Do calor de tantos eus

Em certas noites me rasgo inteira, bebo do desconhecido até o fundo do poço, até o fundo de mim... Tudo é um divino mistério.
Agora entendo o verso desgarrado de Baiandeira e o descuido de Guimarães.
Uma dor profana me recompõe. Sou nada mais que o meu peito entrecortado, descabido de si mesmo, ensimesmado de si sentir sangrando. Meu peito pulsa quando sangra, estou viva!
Em certas noites o desconhecido me habita como um carma, como uma chaga de idealismos passados-presentes-futuros, flores e frutos horizontalmente selados num elo vertical.
O desconhecido é um de meus eus, é meu dual, meu espelho inevitável... mas a cura de que necessito só encontro em mim mesma, em meu eu não decifrável... só eu posso ser minha cura encarnada. Sou minha atadura surda-muda e certas noites são sensorialmente ideais.
Não há mais lugar para fugas e não há o “se” do que há de vir, é uma oração cristalizada. Estou eu assim: crua e arrebatada. Entregue no agora e somente no agora.
Não há mais lugar para culpas nem medos. Isso que me queima é meu. Só eu posso me permitir o transmutar.
Em certas noites estamos fadados ao fogo do vento, assim somos!
Em certas noites – em carne – solitárias faz um calor danado, um calor tamanho.
E pela manhã ainda torpe regozijo-me em ascendência...
Eu clamo pela fé no desejo.
Inquietadora.
Inquietador.
Inquieta.
Dor.
Quieta...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Canta

Canta, pinta um quadro, sê
Canta, poetiza e sê
Abre a garganta e solta
Essa vontade que ocê
Tem de passarinhar
Tem de passarinhar

Olha o infinito ao seu lado
Seja o que seu eu guiar
Como raízes soltas
Cada galho da vida 
Vem pra mostrar um lar
Cada um tem sua sina
Cada lê sua lida
Resta é caminhar
Resta é caminhar
Êh

Deleite

Volta e bebe o meu cantar
O meu sonhar que é tanto
A jato lento na corrida da calmaria
Volta e bebe o meu cantar
O meu sonhar que é tanto
Tal qual música

Um salto, um pulo, um voo
Assim leve,  assim sorriso
Vestida de dor pra brotar inspiração
Sentindo, sendo, pronto e fim
Assim deleitando-me
Estampada em batidas graves de tambor

SINA

o instante presente é tudo,
é o que temos,
é o que tento...
mesmo sangrando vou em frente para descobrir o que o universo quer de mim.
a vida há que ser uma intensa busca de nós mesmos,
beber do próprio sangue,
comer da própria carne,
sorrir do próprio sorriso.
não sei o que será, só sei do agora!