terça-feira, 22 de junho de 2010

Ás vezes dou de ser poeta

Guardo em meu peito um pouco de música,
Daquele pouco que dói na gente quando é bonito.
Carrego em meu pranto o peso de mil gargantas,
Daquelas que numa só voz ecoam o mundo todo.
Levo em meus olhos um pulsar tão denso e tão profundo,
Como a força mutante das águas de todas as mães.
Em meus dedos, pura identidade!
Em meus pés, caminho torto de pedras e sonhos!
E em meu canto, chama latente a me banhar de cores...
Mistério quase que divino a me suprir e a me aconchegar de mim.



*

Fim do ciclo.

E na partida foi que me deu um arrepio, daqueles de mareiar olhar:
Não se vá com tanta pressa, nesse pé de vento, que a saudade te chama em mim que nem criança... Criança arredia que desconfia do querer, mas o coração ta que não lhe cabe de tanta vontade. Despedida vem sempre contida de um punhado de descoberta. E o amor, em certas noites, também pode se vestir de poesia.
Obrigada, meu pai, por encher meu peito e meu pranto de sutileza! Se é dessa vida ou se de outra aí que já não sei.


*

1/1

sem meias palavras...

sem meios olhares...

sem meios amores...

só sei sentir por inteiro (!)

e depois do muito que me cabe nenhum pouco me consola (ponto, assim: sem mais delongas).



*