terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Constatações cotidianas

Nem tudo que se vê é o que o olho diz...
O olhar que nega me renega e o coração ignorante pensa traduzir o equivocado!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Sê II

Não!
Não nos afastemos!
Mas, sobretudo, não nos apeguemos!
O muito e o tanto são tão pequenos diante do vasto que transborda em meu coração... Meu grande, livre e traiçoeiro coração que me cabe na palma da mão – assim mesmo: tão démodé e cheio de rimas fáceis.
Tenha os olhos no infinito, pois que tudo aqui enquanto carne é finito.
Tenha coragem, siga em frente... O amor está dentro e independe à poeira que encobre o externo.
Deixa ser... Deixa ver!
Nessa corda bamba só vale ser feliz!

domingo, 12 de dezembro de 2010

Primeira carta

Os olhos do sorriso do menino me entrecortam os sentidos, me interrompem a intervalos e cruzam-se às entrelinhas de meu repouso. Olhos quimera a me roubar os findados dias serenos... Frutos da utopia ou sinônimos do muito que habita em nós e só espera?
Entrelaçada aos braços do homem há de se crer que toda forma de ideias está sentenciada à experiência sensível. Sem um quinhão de racionalismo vê-se brotar a sensualidade morna dos dias que virão e que serão... É um caminhar ritmado em uma só cadência. É seguir na mesma direção sem saber do risco ou do riscado.
Sossegado homem, astucioso menino... Ambos a me tirar o sono e a vivificar meus sonhos!
Descoberta, acaso ou desatino? O nome certo desse amor só se lê de peito aberto. E uma vez navalhada a carne, derretida a pele e dilacerados os argumentos estamos docemente destinados a nos ver nos significados um do outro... Designados a um riso nem escancarado nem discreto, mas sim entorpecente.
Então escute, se deixar falar a voz do coração eu vou estar em ti e poderá me ouvir sempre que desejar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Dos sorrisos no canto da boca

É preciso coragem para gozar a felicidade!
É preciso encanto para ser plena, sem racionalizar ou sentimentalizar, puramente ser.
É preciso serenidade para driblar as pedras e fazer das perdas evolução.
É preciso insistência... por o pé na lida, na luta, no corre-corre dos desejos.
É preciso amor para reconhecer os amigos e se emocionar com os olhares.
É preciso recarregar a pilha... pés descalços na correnteza, mãos em terra firme, corpo em brisa.
É preciso matar a sede e seguir em frente para cantar as boas novas.

É preciso sonhar um sonho novo a cada realização para mover moinhos!

domingo, 14 de novembro de 2010

Ir e Vir

Saudade desaguou...

Meu peito pede um samba ou qualquer outra melodia que preencha por ora o espaço vazio. Esse vão imaterial, que mesmo sem ter forma alguma despedaça aquilo que eu julgava ser um forte coração.

Inesperada e sorrateira saudade, como pôde me surpreender assim?

Ai de mim que carrego em meu íntimo algo que sangra, mas que não deixa de pulsar a vida, todos os dias...

Ai de mim que sou tão feliz quando me lembro da sensação mágica que é o retornar...

Ai de mim que sorrio insana com o vislumbre dos olhos seus tocando minhas retinas!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Gerais



Pés no chão, gungas nos pés
Pó, poeira e batuque
Ancestralidade a lumiar
Minas é dentro e fundo!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Avante

Lonjura mesmo é embrenhar em meio da gente
Eu quero a loucura do novo
Minha sede é pelo ato
Boa nova em pé de vento

domingo, 5 de setembro de 2010

Sóis, Sós

“Estamos cá dentro de nós, sós”
Quantos caminhos percorreremos nessa lida de ser um e ter um só umbigo?
Não sendo só um, mas um só a perambular sob sóis ardentes... Chamas únicas, latentes de tão quentes em sua própria individualidade.
Tantos olhares passam, vagos.
Tantos braços passam, vagos.
Tantos pés passam, como uvas já passadas também.
Tantos segredos se escondem em mim que, desconhecendo, só sei ter sede.
É tanta vida que já nem sei onde deixei se perder aquele punhado de ternura que guardava nas retinas.
Só, sinto saudades.
Só sinto saudades!
Quão longo se fará ainda o caminhar?
Quantos de vocês ainda vão me beijar os olhos e dizer:
“- Dorme, menina, que aqui é sua pousada. Estamos em casa... sem casca e sem lágrimas.”
Em morada verdadeira o sol não é só e eu sou completa.
Então, irradia ‘Babá’ e me nutre dessa luz indescritível que por vezes me faz amor!
(...)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Outra herança

Da nuvem do céu estampado de azul cato um riso, um afago, um pedaço de alguma poesia...
É que, como dizia João, “felicidade se acha em horinhas de descuido”.
Sábio Guimarães! Sábio Guimarães que, despretensiosamente, ao escrever seus pormenores reacendeu um certo brilho em minhas pupilas.
Eu que de nada sabia e que ainda tenho sede!
Eu - com meus gritos, meus vícios, meus carmas e meus agudos prazeres.
Eu - a me atracar nos sonhos, nos abraços, nas estradas diárias e a buscar palavras em pé de vento.
Eu - a descansar dessa loucura no aconchego de amoras, amêndoas, ipês amarelos e veredas sem fim de sertões mais sem fim ainda.
Eu - a devanear fitando quadros azuis-turquesa ensolarados e a pescar pequenos detalhes nas entrelinhas.
E por fim, eu aqui... pés no chão, jabuticabas, lixos polifônicos e uma saudade de não sei quê.
(Amanhã já é outro lugar!)

Das manhãs e das reticências

Entre colcheias:
Braços, pés, cochas, mãos e sede...

Entre compassos:
Maiores, meio diminutos, semibreves, ligaduras e sede...

Entre palavras:
Um silêncio morno de contentação e sede...

Entre paredes, parênteses!

terça-feira, 27 de julho de 2010

Flor do dia

Tudo passa...
Por saber disso bota tua veste de luz que é essa tua verdadeira essência.
Deixa o amor te guiar e permita que a proteção lhe beije corpo e alma.
Tua face reluzente e teus olhos pequeninos refletem tua grande sabedoria.
É, palavras de mãe afagam!
E com ouvidos atentos a felicidade do mundo entra porta afora, escancarada!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Das coisas e dos devaneios

E mareiou...
Mareiou olhar!
Transbordando o desatino do coração que cisma de achar que é mundo pra sentir mais do que deve ou aguenta.
Tem certos sentimentos que nem mesmo em noites claras nos deixam cessar tanto mar...
Sim, a gente sabe da crueldade involuntária. Mas não, a gente não se deixa ser vítima (nem de nós mesmos nem do outro).
E, engrossando um pouco mais a casca, a gente segue...
A gente segue!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Herança

Numa manhã doce como esta
Versos de Vinícius me embalam
Numa canção de um menino simples
Eu sinto as influências tão sensíveis
que nos levam a calafrios e palpitações
É mais que música
É como uma oração
Até mesmo para os ateus
Para os que em nada acreditam
perceberem a beleza contida na sutileza
É leve, é doce, é de se encantar
Pois se lambuzar de mel é muito fácil
É de riso fácil, ouvidos atentos
É de inspirar e mover
Seguindo os passos daquele homem
que se diz armado de sonhos até os dentes
Seguindo a melodia faceira, a malemolência
Daquela mulher lânguida
Sendo um sorriso novo a cada amanhecer

Canção - Palavra Muda

Escuta essa música.
Encontre as pistas
Deixadas entre nuvens, rastros, ventos e chão.
Repassa os caminhos.
Recria sua linha descrita
Sem que se desmanchem os montes de ciclos vividos.
Sem que se perca de sua consciência.
Transita pela fantasia
Sem que as línguas sejam trocadas.
Sem que se deixe esquecer de estar alerta.

A memória deixada,
Os versos emudecidos
E a poesia ritmada
Hão de ser vida e inspiração
Por outros caminhos eternos...

[entre]


o sol entre os dedos
entre os dedos [calejados]
peneira sol
pra se cobrir de luz [ou tentar]
[in]consciência
[re]encontro
[re]inventa
o sol nas retinas
na pele
nuca
o sol
que supre e sacia
[entre os dedos]espelhos
o sol...
e só[.]

Três

I
Numa crescente
Dançam idéias
E cores produzem sons.
II
(Calado assim)
Com os olhos
As palavras rasgam o papel.
III
E os sonhos
Rasantes
Passeiam sobre a mão...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ás vezes dou de ser poeta

Guardo em meu peito um pouco de música,
Daquele pouco que dói na gente quando é bonito.
Carrego em meu pranto o peso de mil gargantas,
Daquelas que numa só voz ecoam o mundo todo.
Levo em meus olhos um pulsar tão denso e tão profundo,
Como a força mutante das águas de todas as mães.
Em meus dedos, pura identidade!
Em meus pés, caminho torto de pedras e sonhos!
E em meu canto, chama latente a me banhar de cores...
Mistério quase que divino a me suprir e a me aconchegar de mim.



*

Fim do ciclo.

E na partida foi que me deu um arrepio, daqueles de mareiar olhar:
Não se vá com tanta pressa, nesse pé de vento, que a saudade te chama em mim que nem criança... Criança arredia que desconfia do querer, mas o coração ta que não lhe cabe de tanta vontade. Despedida vem sempre contida de um punhado de descoberta. E o amor, em certas noites, também pode se vestir de poesia.
Obrigada, meu pai, por encher meu peito e meu pranto de sutileza! Se é dessa vida ou se de outra aí que já não sei.


*

1/1

sem meias palavras...

sem meios olhares...

sem meios amores...

só sei sentir por inteiro (!)

e depois do muito que me cabe nenhum pouco me consola (ponto, assim: sem mais delongas).



*