segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Ich liebe dich, mein schatz! Ich liebe, Berlin! Ich heiße Saudade!

Estava eu a voar entre dois homens, fartos homens. Eles não sabiam de nada.
Chorei entre dois homens fartos.
Chorei de saudade do homem que ficava em terra firme. Só ele sabe me entender com tantas rasuras.
Saudade arranca a alma da gente ou a coloca no lugar?
Sim, é uma pergunta!
E, sim, tanta sede é uma surpresa. Havia um mar entre nós dois, mar de tantos carmas e de tantos sonhos.
Chorei com os olhos que viam aquele lugar que ele sonhava em ver.
Inexplicavelmente, lá do outro lado do mundo, em calçadas que ele nunca andara, cada pedaço de gente/de sonho/de pedra era a memória dele.
Não sei o que trarei de volta. Talvez saiba: um mar, olhares alemães, turcos, árabes, brasileiros, brasileiros repletos de buscas... Os olhos de uma menina que não se sentia completa cativaram meu afeto... Eu era um pedaço solto e incompleto a reconhecer pedaços de ruínas, de muros, de arrimos, de reconstruções. Pedaço cheio de saudade, essa palavra engraçada de tão dolorida.
Os pedaços de muros estavam por todo lado, ainda latentes, fortes nos olhos daquela gente. Gente apressada e objetiva. Gente dos olhos cheios de amor e dos pés sedentos por um convite à dança.
Meu peito remexido cantou saudade todo o tempo, é preciso ser forte para aceitar novos caminhos, desatar nós sem deixar de se ter o carinho – aquele incondicional.
Meu canto quer derrubar todos os muros.
Ás vezes os muros estão tão perto, entre abraços dos que mais amamos. È preciso desatar os nós para derrubar os muros, é preciso seguir em frente e, sobretudo, seguir acreditando que o que te mói o peito não ergue felicidade. Saber dizer adeus também é uma forma de encontro.
Choro na volta, de saudade dos sorrisos que ficaram em Berlim e de saudade de mein schatz.
As pessoas nos tocam sem nem saber e nem sempre eu sei demonstrar o quanto gostaria de cativá-las... Tenho cá comigo um sorriso calado, mas minha pele sente tudo.  Pé de vento diz até breve.
Tenho sede daquele abraço que me compreende. De todos os olhares ternos que encontrei no mundo, o do homem com quem caminha meu pensamento é o que mais me fez querer ser doce. Mein schatz é um espelho do meu lado bom. A bondade é de longe o seu maior legado em mim.

Sigo aprendendo a sorrir enquanto choro.

Berlim me ensinou muito de mim e as pessoas que ficaram lá são a lembrança mais preciosa desse voo, nem pimenta tira a doçura que a generosidade proporciona (ou generosidade é refresco para todo e qualquer olhar).
Estranhamente, a meu modo, a meu tempo e em minha dureza cada vez mais malemolente eu absorvo e observo.

Agradeço um tanto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário