terça-feira, 22 de abril de 2014

Eu não sou de Vênus

EU NÃO SOU DE VÊNUS.

Perdão, perdão meu eu.
Perdão, meu coração apertado e empoeirado.
Eu não quis te desfolhar. É que...
Os dias ardem por aqui e de repente nuvem.
Nuvem negra na cabeça faz chover tanto céu.
É muito céu pra pouco suportar.
Que desatino, o pé lateja, mas não para de caminhar.
Que desritmado, doem os ossos, mas não para de caminhar.
Que desilusão, que desapego, que desajeito...
Desprevenida a buscar o que machuca, vê se para...
Para de ser deusa, para de remoer o velho, vê se liberta esse velho...
Deixa a chuva cair.
Perdão, perdão meu eu.
Lá fora a chuva, aqui dentro a confusão.
Se segura menina, não siga insegura por aí.
Os dias fecham por aqui, o ano é do deus dos raios, ele é quem rege.
A justiça faz vistas de alcançar futuros, o velho já não há.
Eu não sou de lua, eu não sou de sol, eu sou de um tudo.
Eu sou de um tanto que assusta e acolhe na mesma profusão.
Eu sou de um tanto que cala e grita na mesma proporção.
De onde eu venho não tem boleros densos, não tem palavras difíceis, não tem sei lás... É tudo quase ingênuo, meio pedra bruta, sabe?
Só me responde por que a chuva cai bem na hora que a gente chora.
Eu sou qualquer coisa, não me pergunte não.
Se ler meus olhos verá que só busco verdades, se sincero não dói tanto.
Se sincero não sobra espaço pra fingir dor...
Ah, doce herança fatigada.
Eu deixo o velho ir e alegremente dou boas vindas ao novo.
Eu me perdoo, eu me amo, eu.
Eu sorrio num quase, enquanto a tempestade lava o que há em volta.
Engraçado.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Do que nos diz o céu


Eu e Ana
Ana e o céu
Eu e o céu
Nós, olhares, amor
Eu e Ana e o céu e a imensidão
E o que é que indagas quando olha?
Olho que é olho rasga a gente de perguntas...
Um mundo é o que cada um de nós desconfiamos.
E olhando eu e Ana apenas escutamos as cores desse céu sem nuvens a nos perguntar...
Será que o mundo foi riscado ou desenhado?
Ou será que o universo se cumpriu quando Ana me deu a mão?
Quando Ana me deu a mão.




segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Poésie a trois!

toda poesia foi feita
ora, refazer é a sina
a vida nos peita
poeta musa eleita

enquanto a sorte 
sorri e nos espreita
na contramão dos caminhos
entorpecemos telhados nus

[feita por seis mãos, sendo 30 dedos, 3 cabeças e 1 sonho]

De: Maíra Baldaia, Lucas Costa e Cleber Camargo Rodrigues

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Dos aprendizados afins, ventania!

E lá no meio da mata vem meu juntó Pai Oxóssi... Okê!
Com a força das matas ele ajuda seus filhos... Arô!
O meu juntó já foi caça e hoje é o caçador!

Okê Arô!

Pé de vento, com gosto de estrada, com cor de barro amassado, com cheiro de mato molhado, com sede de vida... Na malemolência do sorriso de cada dia, meu juntó me ensina! Okê Arô!!!



sábado, 9 de março de 2013

Por gentileza

Ah, minha opinião eu não vendo não! Tal qual não lhe vendo minha alma - artigo mais abissal de acordo com o léxico que conhecemos. Posso não te apresentá-la, a minha opinião, mas tal qual minha sombra iluminada ela está entranhada em meu olhos, em meus lábios serrados e taciturnos, em minha negra mesticidade, em minha multiplicidade, em meu senso de justiça, em minha essência... Em meu respeito, que ontem era a palavra da vez, ou melhor, que deveria ser de todas as vezes! É que a palavra a ser pronunciada em alto e bom tom é justiça – essa que no meu léxico interior é sinônimo de felicidade. Caminhar é aprender um tanto, há que se sorrir na luta mesmo quando só se pode rir por dentro – olha a profundidade aí de novo.  Agora, mais superficialmente falando, a palavra da vez é verdade e meu osso esterno – aquele que sustenta as costelas e a clavícula formando a caixa torácica que protege o coração, os pulmões e os grandes vasos – dói quando os princípios mais relevantes fogem da livre sinceridade. Risos!!! Na verdade peço desculpas, pois o esterno não tem nada de superficial. Sendo o mais transparente possível, esse texto é um arroto muito arraigado e eu o liberto aqui. Tudo é muito e só nos resta a compaixão – artigo raro tão profundo quanto a alma. Aahhh, minha opinião é minha voz e mesmo muda ela reverbera! É como escreveu o Sr. BB, vulgo Bertolt Brecht, "Minha opinião é o único luxo que tenho." Silêncio?! [ponto final]




quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Experimentando cerejas

Ficou uma melodia entranhada...
É que o céu é grande demais e ele sabe que quero ir.
O peito ficou carregado de saudade...
É que ele me vê, me lê por inteiro e sabe do meu voo.
Tudo é tão raro e tão abissal que me aprumo e mostro minha verdade.
Do meu sonho eu quem sei, mas tenho mãos dadas para a caminhada.
O mundo girou tão rápido que me deu vertigem, enjoei sem parar de caminhar.
Subi nas pedras, deitei nas águas, estremeci com tanta altura, deixei o sol cuidar de mim.
Dancei com a música que me veio, dei e recebi tantas cores, gargalhei com a roda e agradeci.
Sobretudo, me amei tanto que me encontrei e pude ver amor em tanta gente.
Bebemos do brinde, comemos das frutas – todo o sangue, toda a vida – sem temer.
A minha lida é sorrir enquanto tomo chá de coragem e esquento o peito.
Mesmo sem asas, eu voo por aí.
Não sei ser outra pessoa, não nesta vida. Não nesta sina.
Tentei ficar quietinha, mas não deixaram, fui convocada três vezes.
Precisava ouvir a mesma coisa dita com palavras de sabedoria, força e vitalidade. Precisava ouvir a mesma coisa dita com palavras de humildade, intensidade e leveza. Precisava ouvir a mesma coisa dita com palavras de amor, paixão e ternura.
Ouvi a voz de todos eles, estou bem: “Sorria com seu coração de menina”!
Acordo e piso firme no chão: “O dia de hoje vai e há de ser melhor”!

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Estou de volta!

Pra seguir na lida tem que seguir sorrindo.
Meu pai me ensinou que a felicidade é uma arma zen e a madre me aconselhou a seguir alegre na evolução... Eu escolhi!
O riso pode ter a cara que você quiser pintar.
Plante boas energias por aí...
Escolha!
[...]
Estou de volta...
Meu eu sorri discretamente... No canto da boca, sabe não?
Sigo em frente!
Avante que a hora é o agora!
Meu Babá mergulhou fundo para me buscar.
A verdade é que mesmo quando eu não o via ele estava ao meu lado.
Quanto mais eu subia mais ar amparava minha alma e mais plena de mim eu me sentia.
Meu Babá veio me lembrar de recordar.
Eu lembrei que sou guerreira do raio branco, me banho de azul e branco, me alimento de inhame branco.
Minhas ferramentas são a espada, o escudo e o pilão.
Por ora posso guardar o escudo e a espada, não é preciso defesas nem ataques.
Amasso eu mesma meu destino!
Cubro-me de prata, sigo no progresso dos dias.
Eu sou do ar e do fogo!
Há vida e o amor é livre!
Faz bem me lembrar de mim, sorrio um tanto.
Quando menina eu roubava canjica branca dos santos na casa de Mãe.
Roubava a canjica e comia...
Fosse hoje, colocaria mel e azeite doce na traquinagem.
Eu sorrio mais um tanto.
Meu Babá me resgatou... O cristal branco está inteiro!
Só se pode, aliás, eu só posso caminhar com determinação e inteireza de espírito.
“O que te eleva? O que te ajuda a evoluir?”
Ela me perguntou e eu respondi em silêncio.
Estou de volta!
Há vida.